quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sobre o aborto

Aos brasileiros podemos dar todo tipo de adjetivos, mas hipócritas ainda não sei se podemos aplicar, a não ser é claro aos políticos, eles inegavelmente se vendem a qualquer preço a Deus ou ao demônio, o que lhes for conveniente para se eleger, a verdade é que no famoso jogo de empurra, estão de fato se negando a por em discussão assuntos que são de extrema importância, e a bola da vez no que tange a assuntos indiscutíveis são: o aborto, casamento gay e liberação da maconha (hahahahaha), primeiro devo dizer que sou totalmente a favor do aborto, com restrições é claro.


Eles em seus dramas monumentais não estão se dando conta de que o aborto já se tornou e há muito tampo assunto de saúde publica, primeiro porque o fato do aborto ainda ser criminalizado não é de nenhuma forma indicador de que ele não acontece, clinicas degradadas, meninas que enfiam ramos de mamona e agulhas de tricot em seus próprios úteros se espalham por cada viela pobre dos arredores do país, medicamentos proibidos que induzem o aborto continuam sendo “top de vendas” em camelôs que acortinados por meias e luvinhas continuam passando inocentemente pela fiscalização e crianças mal-formadas continuam sendo descartadas pelos lixões; estou falando de coisas as quais estamos acostumados a ver em noticiários e isso as torna mais fácil de engolir, mas há um lado que apesar de parecer ser menos dramático do que o aborto ( pelo menos no ponto de vista de alguns) é ainda mais obscuro do que impedir o progresso de uma gravidez. Quantas meninas estão sendo jogadas na rua pelos próprios responsáveis nesse momento por que decidiram não abortar,? Quantas mães estão vendendo suas crias porque concluíram que mais uma boca pra alimentar não era possível, quantas mulheres agora estão desesperadas por ter descoberto alguma doença irreversível em seus filhos e que serão obrigadas a olhar os olhos dele antes de perdê-lo quantas crianças serão marginalizadas por terem a infelicidade de nascerem em famílias não assistidas pelo governo, é disso que estou falando e esse lado não esta sequer passando nas cabecinhas de nossos comandantes.

Em paises muito mais desenvolvidos paga-se montantes de dinheiro para incentivar a natalidade, caso da Inglaterra, qualquer criança nascida em solo inglês estará sob a assistência do governo e protegida financeiramente ate a maioridade. No Brasil, será mais fácil ganhar na mega sena do que encontrar um pediatra nos postos disposto a atender decentemente uma família, esta é a grande diferença, o abismo que nos coloca cada vez mais distante de paises como a Inglaterra.

Eu mesma depois do meu quarto filho decidi que estava na hora de fazer uma laqueadura, abandonando o sonho de ter uma garotinha, passei os quatro últimos meses da gestação andando de lá pra cá, em cartórios, juntando uma documentação absurda que gerou um calhamaço de 14 folhas de papel (SUS né) pra chegar na hora do parto, me dizer que “não temos tempo, nem equipamento para fazer uma cesárea só por causa de uma laqueadura”, ou seja, se nos mulheres não podemos contar nem com nossos direitos já garantidos, como poderemos contar com políticas publicas que ainda nem começaram a ser discutidas, e este assunto pede uma plebiscito já, nos somos as maiores interessadas e nossa opinião nem foi cogitada, as mulheres neste pais são tratadas feito cadelas nos hospitais onde sequer podem grunhir a dor de seu parto, sob ameaças, e isso ninguém vê, já passou da hora de alguém com um pouco de experiência nesta vida sofrida de mulher fundar um partido exclusivamente feminino para começarmos a falar sobre assuntos ate então ignorados, voltamos a viver na inquisição.

Agora o que eu acho realmente um absurdo é colocar a maconha em discussão, quer dizer a mulher não tem o direito de interromper uma gestação se isso se fizer necessário, mas pode futuramente se obrigar a dividir o espaço em sua casa com o filho fumando seu baseado legal.

Ah! Há alguns anos atrás vi uma noticia que traduz um pouco minhas opiniões particulares sobre o assunto, uma mulher teve que entrar com uma ação contra o estado do Paraná para a realização de uma cirurgia cardíaca sem a qual seu filho de poucos meses não sobreviveria, a cirurgia em questão somente era oferecida em redes particulares e era muito cara. Não dizem que o aborto é ilegal por que fere o principio constitucional de que todos têm direito a vida? E esta mãe teve que mover céus, terras e uma ação para garantir a vida do filho. É muita hipocrisia ou não é?

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