domingo, 17 de janeiro de 2010

Por favor...

Haverá sempre quem se vanglorie por vivermos num país seguro de tragédias naturais, haverá quem agradeça a Deus por estarmos dentro de um mundinho que “parece” tão distante de guerras nucleares, ou civis embora às vezes, parecendo ignorar as baixas diárias que se tornam números em estatísticas que mostram em gráficos coloridinhos o tamanho da guerra que vivemos diariamente neste país “abençoado” onde somos internacionalmente conhecidos por transformar tudo em “samba” ou “pizza”, mas como nos veríamos dentro de um mundo diferente, um mundo onde gritamos quase em vão por nosso melhor amigo que jaz debaixo de toneladas de escombros, ou quando olhamos desterrados, a escola onde nosso filho estudava, completamente demolida, e nos agarramos num fio de esperança de que ainda esteja vivo, ou quando escutamos o som apavorante de milhares de pessoas gritando desesperadamente e ao mesmo tempo exatamente pelo mesmo motivo, pelo corpo estilhaçado de seus pais jogados a distância, ou pelo filho que está debaixo da escola onde se sentia seguro, ou pelo colega de trabalho que você custa a acreditar que nunca mais verá, e por um segundo, apenas por um segundo você pensa e questiona a deus o porquê de você estar ali, por que não aconteceu com você e sim com seu filho, seus pais ou seu amigo, e depois daquele breve segundo em que tudo isso passa pela sua cabeça você se arrepende miseravelmente por que na verdade você “queria” estar vivo, e isso se torna uma imensa confusão e isso te abate de tal forma que você fatalmente acreditará que entrara num processo depressivo sem volta e pelo resto da vida você se sentira um miserável e culpado por não estar junto das pessoas que tanto ama e que se foram pra sempre e de igual forma se sentira um miserável por ter questionado a divina providencia de deus; então sua vida jamais será a mesma, e seu mundo jamais será igual...

Consegue imaginar?

Nossos irmãos do Haiti tão simples e tão pobres, vivendo o que está sendo apontado como a maior tragédia humana da história, não tem mais nomes nem sobrenomes, pois todos ali estão se dando à mão ignorando completamente quase tudo em prol do mais pitoresco e primitivo dos sentimentos humanos: “solidariedade” a arte de se ajudar, de se dar às mãos de “ser” o outro esquecendo seu próprio filho para ajudar a desenterrar o filho do outro.

Se conseguirmos de alguma maneira “ser” o outro talvez consigamos no mínimo reconhecer que talvez a nossa tragédia seja maior que a deles, pois se aprendêssemos a agir como eles estão agindo em meio as lagrimas talvez conseguíssemos evitar as nossas...

Repassem, encaminhem, divulguem este a todos aqueles que tiverem interesse em repassar também, se isto chegar às mãos de alguém que “possa” efetivamente ajudar com doações nas campanhas que já estão em vigência, este tempo que estou escrevendo já terá sido de grande valia, e aqueles que não puderem, mandem cartas, e-mails, recados, força ou esperança, às vezes saber que alguém se importa vale mais do que dinheiro.

Deus abençoe nossos irmãozinhos, e a todos nós.

Athena