quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dr. Vinicius

Li com indignaçao sua carta, li com uma auto afirmaçao negra e infeliz a certeza de que vivemos num pais abandonado, li com uma tristeza cortante um relato desesperado de um, de apenas uma minoria que ainda tem vergonha na cara.
Vi em suas palavras a ingloria de participar de uma classe onde existe uma parcela de pessoas desgraçadas e infelizes, que esfregam seus diplomas sujos de sangue na cara daqueles que mal sabem ler e que precisam traduzir aquelas letras ridiculas e infames que colocam nos receituarios.
senti em seu desabafo o cheiro da podridao generalizada que se instalou nos diversos e infindaveis espaços publicos que sao pagos pelo povo trabalhador, o mesmo povo que eles tratam como cachorros e cadelas e que inconvenientemente levam suas crias pulguentas para ve-los, atrapalhando as fofocas e novidades dos "reality shows", senti o frenesi do desejo louco de poder pegar um aviao e ir pessoalmente cuspir no meio da cara daquelas pessoas citadas as quais nao se pode chamar de "humanas".
Entretanto minha indignaçao nao vale nada, tampouco a sua meu querido Dr Vinicius, afinal de contas vivemos num pais onde o povo ja esta tao acostumado a sofrer, que se ficar sem sua dose diaria de tragedias pessoais, humilhaçao, e dor chega a sentir falta.
As geraçoes antigas destruiram o planeta, mas quando algo nao correspondia seuas espectativas eles lutavam, travavam suas batalhas pessoais, morriam enforcados, se colocavam na frente de tanques ou simplesmente pintavam a cara e saiam as ruas, depondo o poder. Hoje o que chamamos de geraçao do amanha, nao podia ter outra designaçao, se preocupam com as novidades da tecnologia, uma banda larga mais rapida, os melhores videos do youtube e paqueras cegas do orkut.
Estamos nas maos de uma meia duzia de malditos, que nao permitem que uma pessoa negativada entre no mercado de trabalho pra honrar suas contas, mas deixa que uma desgraçada, vil, mesquinha, e surtada esteja colocando suas maos imundas em inocentes, manchando a vida de uma familia e uma naçao inteira de sangue.
Hoje sou mae da pequena Ana Larissa, meu marido o pai e meus filhos, seus irmaos; assim como o sr. Dr foi o pai antes.Hoje somos todos pais e maes daquela pequena vida negligenciada não apenas por uma "coisa" como a médica, ela foi negligenciada, ignorada e abandonada pelo poder publico, estadual e federal, e por sua corja de prostitutos que se vendem a qualquer preço.
E se existe consolo pra isso, talvez nos baste a certeza de ela estar num mundo onde nao anoitece, mas mesmo assim pode se ver estrelas, onde ela se regozijara rolando sobre as nuvens, onde ela jamais precisara sentir medo novamente. A pergunta é: para onde todos eles irão, quando a vida deles passar a valer menos do que valem?
Meus sentimentos a todos nós que perdemos uma filha.

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